Disclaimer: esse post não faz apologia da pirataria, leia antes de tirar conclusões precipitadas.
Na última semana li um texto bem interessante no Techcrunch sobre o download ilegal de música e como nada que for feito contra surtirá efeito. Quem tiver tempo pesquise por lá que vale a pena ler, eu desisti de tentar encontrar, parece que o site é atualizado umas 87 vezes por dia, o que enterra tudo rapidamente nos arquivos.
Sem entrar no mérito da propriedade intelectual e no trabalho roubado de alguém, é fácil entender porque a música é o que sofre o maior baque nessa área.
1. Um CD completo, com ótima qualidade, não passa de 100 MB, o que facilita o download até em conexões mais lentas.
2. Um ouvido normal, e por normal digo alguém que não seja regente da sinfônica de Nova York, não diferencia um CD queimado no Nero de outro comprado oficialmente.
3. Alguns alegam que gostam de encartes com letras, eu mesmo costumo ouvir meus CDs acompanhando a letra do encarte. Mas somos minoria, e muitos CDs estão simplesmente omitindo as letras, o que para mim é um pecado mortal.
4. No caso específico do Brasil, as gravadoras lançam apenas lixo comercial de quinta categoria. A última vez que entrei em uma loja de discos, era só pagode, sertanojo e outras bombas de uso exclusivo das forças armadas. Eu procurava por um CD do Portishead que simplesmente não foi lançado no Brasil. Havia algumas cópias importadas, mas por 120 reais. Vamos combinar, mais de 60 dólares por um CD simples?
5. Não, ninguém me convence que um CD deve custar 40 reais, não importa quão cruel seja nossa política de impostos.
6. Muita coisa dos anos 80 e 90 está esgotada ou nunca foi lançada em CD. Tente encontrar alguma coisa de Smiths, The Cure, Talking Heads e outros menos ilustres. Com muita sorte você consegue uma coletânea meia-boca.
Já a pirataria de filmes tem a ajuda da péssima qualidade de 99% do que se produz jogando contra, entre outros fatores.
Raciocine comigo, uma ida ao cinema no final de semana implica em gasolina+estacionamento+ingresso+uma passada no McDonald’s (se sua namorada não for muito fresca) que não sai por menos de 60 reais. E gastar essa grana em tempos magros como os de hoje para ver uma porcaria não é exatamente divertido.
Bons filmes não são afetados, muito pelo contrário. Tropa de Elite está indo bem nas bilheterias e dificilmente teria feito tanto sucesso sem a ajuda do torrent e do camelô da esquina.
Filmes de fora do cinemão hollywoodiano costumam ser exibidos no cinema mais distante da sua casa, geralmente aquele em que a maior sala comporta no máximo 100 pessoas cotovelo-a-cotovelo no espaço lotado. Quando raramente atingem uma sala de localização mais privilegiada, ficam em cartaz por no máximo uma semana, você não tem nem tempo de descobrir que estava sendo exibido.
Por último, e isso vale tanto para música quanto para filmes, criou-se uma cultura segundo a qual arte não tem preço, literalmente.
Não importa o quanto você gasta para produzir um disco ou um filme, é fácil encontrar fóruns e mais fóruns onde os administradores mantêm tudo do próprio bolso, geralmente não utilizando nenhum tipo de remuneração via qualquer espécie de anúncios. Tudo isso pelo prazer de compartilhar tudo que é produzido, de discos do Falcão até versões completas de qualquer software.
E não, não adianta dizer que esses downloads contêm vírus ou tentar qualquer outra forma de terrorismo. Quem baixa nesses fóruns sabe muito bem onde está pisando.
Agora, emporcalhar um DVD legal, que eu paguei com meu dinheiro legalmente merecido, com filmezinhos pregando contra a pirataria, faça-me o favor.
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